No fundo do poço
Auditoria revela que dívida do Atlético na presidencia de Ricardo Guimarães, pode subir a mais de 300% em 4 anos
A situação catastrófica do Atlético se agrava a partir do momento em que o clube não tem receita para cobrir esses encargos mensais. De acordo com a Auditoria feita pelo Conselho Fiscal do clube – e que foi entregue a todos os conselheiros na reunião do Conselho Deliberativo de 19 de dezembro último – a dívida atleticana apenas com “empréstimos e financiamentos”, entre 31/12/2003 e 30/09/2005 (data do último balancete), subiu de R$ 30.563,425,00 para R$ 64.340.087,00.
Ainda de acordo com a Auditoria, nesse quadro, a dívida do clube para com Ricardo Annes Guimarães (atual presidente do CAM), que constou das demonstrações financeiras de 31/12/2004 pelo saldo de R$ 23.818.373,35 atingiu, no mesmo balancete de 30/09/2005, o valor de R$ 40.012.372,70 – um incremento de 67,99% em apenas nove meses.
Baseando-se neste montante, o Conselho Fiscal estimou que a evolução da dívida do Atlético com seu presidente, em 4 anos, atingirá a casa dos R$ 130 milhões, levando-se em consideração somente os acréscimos com juros de 2,35% ao mês sobre a dívida corrente, e perfazendo uma situação de que o clube não mais recorreria à empréstimos pessoais junto à Guimarães neste período.
De posse dos documentos levantados pela Auditoria, o conselheiro Manfredo Palhares (que denunciou as supostas irregularidades de empréstimos feitos pelo Atlético para o Ministério Público em agosto/2005) exaltou o trabalho feito pelo Conselho Fiscal: “Felizmente as denúncias começaram a surtir efeitos positivos. Coube ao senhor Alberto Lima Vieira pedir uma auditoria em cima de todas as denúncias, porque ele também detectou irregularidades dentro do Atlético, pois ele se trata de uma pessoa muito séria e na área tributária é um dos melhores profissionais do país”, ressalta Manfredo, que relata que os levantamentos feitos pelo Conselho Fiscal vão de encontro com suas denúncias: “Nessa Auditoria nota-se todas as nossas suspeitas do envolvimento financeiro de pessoas físicas e jurídicas botando dinheiro dentro da instituição [Atlético]. Faliram o Atlético”, diz.
Pelo menos seis ‘credores’ chamaram a atenção do conselheiro, no que tange os juros que vêm se acumulando mês a mês. O principal credor do Atlético é seu atual presidente, Ricardo Guimarães, que no levantamento exaurido pelo Conselho, é detentor de boa parte do montante da dívida do clube: “Dentro da pessoa física, o Ricardo Guimarães tem verdadeiras fortunas mensais dentro do Atlético Mineiro. Em sua pessoa jurídica (Banco BMG), coincidentemente não existe nenhum registro. Existem sim registros de outros bancos, como o Rural, e de outras pessoas físicas. Só no mês de janeiro/2005, o Ricardo recebe R$ 536.723,07. Já em setembro/2005 [último mês analisado na Auditoria], a dívida mensal para com ele já chega aos R$ 887.586,29 em apenas uma nota. A projeção atual é que o Atlético deva ao Ricardo cerca de R$ 40 milhões, isso só na pessoa física, que não é um agente credenciado legalmente para fazer empréstimos. Isso é crime de usura (contrato de empréstimo com a cláusula em que o devedor se obriga ao pagamento de juros – lucro exagerado), vai pro Ministério Público e pra Polícia Federal, é crime”, ataca Manfredo, que cita outros credores suspeitos: “Acontece que não é apenas o Ricardo que faz esse tipo de empréstimos como pessoa física. Outras pessoas, como o Sr. Edeferson Nilton de Araújo também recebe como pessoa física. Existem diversos empréstimos em nome do Sr. Evandro de Pádua Abreu. Outros diversos empréstimos da Erkal Engenharia, que recebe uma média de R$ 100 mil por mês. Tem uma tal de Coelho & Coutinho que também recebe dinheiro do Atlético, cerca de R$ 170 mil por mês. O fato mais curioso é que eles não devem estar recebendo esse dinheiro porque o Atlético não tem recursos para pagá-los e estes empréstimos estão acumulando como uma bola-de-neve e daqui a pouco o clube vai ter uma dívida na ordem de R$ 200 milhões. Suspeito também de empresas como a Indusval e a Intermedium, que são entidades pouco conhecidas no mercado financeiro. Estas duas se tratam de pessoas jurídicas, mas temos que procurar saber quem são seus donos. Nunca vi uma empresa de engenharia [Erkal] emprestar dinheiro”, denuncia.
Omissão
Manfredo avisa que, nos próximos dias, o Ministério Público estará recebendo essa nova documentação: “Essas pessoas físicas não são credenciadas para fazer o que estão fazendo. O Ministério Público irá decretar para a União, e certamente será encaminhado em seguida para a Receita Federal. Detectamos que esses empréstimos irregulares só fazem do Atlético a vítima. A dívida que eu achava que o clube tinha com o Banco BMG na verdade é com o Ricardo. É uma lástima. A responsabilidade é da administração do clube, porque o Atlético é uma entidade sem fins lucrativos e infelizmente ela só dá prejuízo, porque eles (dirigentes) só têm competência pra isso”, finaliza.
Um comentário:
so tem um jeito de pagar a divida do galo. é contratar os irmaos perrela para adiminitrar o galo.
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